Kisaragi Attention

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013




parte 2


“Aaah...!Eu sabia....!”

 Os portões da escola já haviam sido fechados, com espaços tão estreitos entre os dois que nem mesmo uma alma poderia passar por eles.
 Bem, em primeiro lugar, se houvesse espaço suficiente para alguém se espremer, não haveria sentido em colocar portões, então eu acho que você pode dizer que eles estavam fazendo o seu trabalho de uma forma admirável.

 9:10 da manhã, 14 de Agosto.
 Eu tentei chegar a tempo, mas acabei chegando tarde até mesmo para o primeiro tempo de lições suplementares.
 Mesmo quando eu consegui me desviar do ataque das pessoas no ponto de ônibus, isso me fez perder um tempo que faria com que eu me atrasasse, então, desesperada, eu peguei o caminho mais rápido, a rua principal, e a minha sorte acabou de vez.

 Nas ruas, tocava uma música que eu cantava, “Todos amam a Juventude”; bem, não há nada a fazer por um nome desses, mas essa apresentação forçada sobre o amor estava sendo tocada muito alta, e o pôster do meu novo single estava pendurado nos muros.
 Além disso, em um telão passava um vídeo aonde eu aparecia dançando, usando um vestido de incontáveis babados, e logo abaixo havia uma loja que estava lançando o CD hoje, juntamente com uma grande fila de pessoas que queriam o produto da edição limitada(o pôster).

 “Se eu não tivesse passado naquela hora, só Deus sabe o que teria acontecido com você.”
 Parado do lado de fora da escola, o carro da minha gerente com o ar- condicionado ligado era quase como o céu para mim.
 No assento de motorista ao meu lado, uma senhorita com cabelos curtos e um ar cansado de quem acabara de sair do trabalho, mesmo que ainda fosse de manhã, se apoiou no volante, suspirando.
 “D-desculpa...m-mas, sabe! Hoje, aconteceu que, hm....o ônibus estava atrasado, então os estudantes....”
 Eu tentei explicar fazendo gestos, mas eu acabei me restringindo a um grande suspiro; “Aaah..”
 “Bem, não é como se eu não te entendesse...Eu sei que você não quer chamar atenção chegando na escola de carro.”
 “Hum....sim..”
 “Eu quis respeitar o modo como você se sentia pelo máximo de tempo possível, mas como esperado, já é demais... Eu sabia que teria essa conversa com você mais cedo ou mais tarde....”
 Como ela começou a falar em um tom de quem pedia desculpas, eu senti que devia fazer o mesmo.

 Depois que alguns segundos de silêncio se passaram, eu rapidamente olhei para o meu relógio e percebi que estava quase na hora do intervalo depois do primeiro período.

 “..Ah! Eu tenho que ir..! Hum..eu te ligo depois! Desculpa!”
 Eu tinha que entrar na escola agora, se não ia acabar perdendo o segundo período também.
 Depois de sair do banco de carona, eu me virei e me curvei levemente, vendo-a acenar para mim com um sorriso que dizia “ai, ai..”
 Após o carro desligar suas luzes e começar a andar, eu mais uma vez me curvei perante a ele.

 Andei em direção a entrada dos alunos e funcionários da escola, ao longo dos portões que cercavam o campo da cidade e o prédio principal.
 Por causa da mudança de temperatura entre o lado de fora e dentro do carro com ar-condicionado, eu senti o suor se acumular na minha testa. A questão é, meu uniforme estando ou não grudado nas minhas costas por causa do problema desta manhã, eu com certeza suei pra caramba correndo nesse calor.
 Mas que bagunça. Eu só quero ir pra casa tomar um banho.

 Assim que eu cheguei aos portões, o sinal começou a tocar.
 Oh-oh. Uma vez que o intervalo de dez minutos tivesse acabado, o segundo período de classes suplementares iria começar.
 Cambaleando, eu cheguei à entrada de alunos e funcionários e apertei o pequeno  botão do interfone. Em alguns segundos, um pequeno microfone começou a soar.
 O clamor escutado era característico de uma escola e o fato de ter vindo de um microfone tão pequeno fez eu me sentir em uma realidade alternativa. Pensar que eu entraria num espaço desses me fez ficar deprimida até quase a minha alma.
 “No que posso ajudar?”
 “Ah, sim! Hum, aqui é a Kisaragi, do primeiro ano,...eu estava atrasada para as minhas lições suplementares, então eu estava me perguntando se você poderia, por favor, me dar permissão para entrar...”
 Eu me pergunto quantas vezes eu já ouvi a voz dessa senhora.
 Fazem apenas quatro meses desde que eu entrei nessa escola, mas a pessoa com a qual eu mais falei poderia muito bem ser ela. O fato de que 90% do meu total de conversas poderiam ser muito bem ocupadas pelas que eu tive por esse interfone era levemente doloroso de seu próprio modo.

 “Ah, Kisaragi. Bem, eu vou abrir a porta, então vá logo para a sala.”
 A minha única salvação era o fato de não ser mais necessário duvidar, perguntar ou ficar com raiva da minha situação.
 “Desculpa...Obrigada..”
 Com um clique, a porta abriu e eu a empurrei, entrando nos arredores da escola.
 A porta se fechou sozinha atrás de mim, voltando-se a fechar com um clique.

Postado por Unknown às 16:45 //

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