Kagerou Daze I

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013




 De uma direção desconhecida, a melodia de “Sunset Koyake” flutuava pelo ar.

O céu azul parecia ser tingido pela melodia, vagarosamente, tornando-se laranja.

 No ônibus que se movia pela dura e surrada estrada fazendo sons tipo “gadagadang”, os passageiros iam reduzindo-se, até o ponto em que só eu permaneci dentro dele.

Apesar daquele meu colega de classe que acabou de sair do ônibus agora não ser um amigo muito próximo meu, quando eu fico sozinho com essa melodia tocando, eu não pude evitar em sentir um pouco de solidão no fundo do meu coração.

Eu já estava entediado de ficar tirando aquelas pequenas esponjas de enchimento do banco. Eu olhei para a janela de novo, mas o que apareceu na frente dos meus olhos agora foi uma diversidade de colheitas em fazendas como plano de fundo, e velhos postes que, de em hora em hora, passavam na frente da minha visão.

 Não importa o que, isso com certeza não era algo que pudesse matar o meu tédio.

 Eu suspirei e fechei meus olhos.

 Seria ótimo se agora eu pudesse usar como quisesse um telefone portátil.

 Eu de repente me lembrei de uma propaganda que eu havia visto na televisão da casa de um amigo meu, a qual se passava em um trem na cidade grande.
 Todos usavam seus telefones como se tivessem entrado em seus próprios mundos.

 Enquanto eu olhava para aquilo, como uma criança moradora de uma vila e com grandes expectativas, já era o bastante. Mesmo aquelas crianças que deviam ter a mesma idade que eu, mesmo elas conseguem segurar seus próprios telefones, andando pela cidade grande, indo para qualquer lugar que elas queiram ir.

 Eu acho que elas também devem conseguir se comunicar entre si e sair juntos, não é? Mesmo de noite, elas podem ligar ou mandar mensagens umas para as outras, ficar online divulgando status, ou ficar discutindo em fóruns de internet.

 Com essa expectativa, eu até passei em uma loja de bens elétricos no meu caminho para a casa.

 Nesse tipo de vila patética onde você dificilmente gasta dinheiro para se divertir, a única coisa que eu podia fazer era ficar economizando que nem um idiota quando chegava o ano novo e ficar recebendo pacotes vermelhos.
 (N.T: No Japão, é costume as crianças receberam uma certa quantia de familiares. O presente vermelho ao qual o Hibiya se refere, bem, esse aí eu não faço a menor ideia do que seja, mas eu imagino que tenha algo a ver também)

 Esse eu idiota, uma vez pegou esse patético dinheiro guardado, arrogantemente dizendo “EU VOU COMPRAR UM TELEFONE MÓVEL!”, saindo correndo para aquela loja e então eu dei o meu melhor para explicar o que diabos era um telefone móvel para o vendedor, que nem fazia ideia do que poderia ser isso.

 É claro que eu não consegui o telefone, mas foi me recomendado um modelo bem antigo de telefone. Quem sabe se poderia me beneficiar como a experiência de uma vida.

  ...

Entretanto.

 Que experiência de vida, agora, agora mesmo, não importa em nada.

 Para esse tipo de coisa, mesmo que eu quisesse implorar por ela, para quem eu iria implorar?

 Se eu fosse dizer isso para aqueles meus pais irritantes, eles certamente iriam me ensinar que “você ainda tem mais 20 anos para isso, criança” e provavelmente iriam me trancar do lado de fora de casa, deixando-me para experimentar o horror da noite e os cães selvagens.

 Esse tipo de jogo de sobrevivência é realmente desnecessário. Mesmo que eu queira muito comprar um telefone sem que meus pais saibam, eu nem mesmo posso comprar um aqui.

 Seria ótimo se eu tivesse uma chance de ir à cidade, mas eu nunca tive essa oportunidade, sem falar no ano-novo, no fim de ano e até mesmo no Festival de Obon.

 Ou talvez alguém pudesse me dar essa chance.

 Ah, não, impossível. Eu não sou o tipo de pessoas que poderia fazer uma coisa dessas.

 Sobre telefones móveis, eu só conheço a parte de escrever mensagens, ligar, e entrar na internet.

 Tudo isso por causa da droga dos meus pais.

 Se uma criança fosse assistir televisão sozinha, ela ou ele chorariam e gritariam por isso, mas para os meus pais, que particularmente são contra o social moderno, o que foi culpa deles, eu nem mesmo conseguia entender os tópicos a minha volta, sem mencionar as tendências, eu nem mesmo sei os conhecimentos básicos do social também.

 Mas então parece que um telefone móvel seria algo fácil de esconder dentro do bolso, eu acredito que meus pais não descobririam sobre ele.

 Entããããooo, se eu conseguir um telefone como eu desejar, ficará tudo bem.

 O problema é como eu vou consegui-lo, pois na situação atual em que eu estou, a informação que eu tenho não é suficiente. Eu deveria perguntar a alguém.

 Mas...

 “Se eu pudesse fazer isso, seria a coisa mais feliz de toda a minha vida...”

 Eu suspirei, enquanto murmurava meus sentimentos de desejo.

 Sim, tem uma pessoa com a qual eu posso falar.

 Para ser franco, é alguém com quem eu “possivelmente” posso falar, mas com certeza uma pessoa com a qual você não pode falar de qualquer jeito.

 Ela, Asahina Hiyori, alguém que era tão difícil de se aproximar, tão difícil de se conversar.

 Ela, Asahina Hiyori, alguém que era tão difícil de se aproximar, tão difícil de se conversar.

 Ela é a filha de umas das três famílias mais ricas do vilarejo, toca piano, tem aulas de ikebana, de balé, etc. E desde pequena, ela vai à cidade sempre que tem alguma ocasião importante.

 Além disso, apesar de eu a estar olhando de longe, eu pude ver claramente que no outro dia ela estava mostrando um celular bonitinho por aí, que provavelmente era dela.

 Entretanto, essa conclusão chegou a um fim há muuuuuito tempo atrás.

 O maior problema é que Asahina Hiyori é extremamente instável e o meu amor por ela é extremamente profundo.

 “Apesar de eu viver nesse vilarejo realmente pequeno, o qual não possui nenhuma diversão, há algo especial e incrível que o torna único no mundo. E isso é o fato de Asahina Hiyori viver aqui.”

 Há algumas semanas atrás, um dos meus colegas de classe escreveu algo desse tipo em uma carta de amor e a deu para Hiyori, e não pode ser negado que foi espetacularmente rejeitada  com a palavra perfurante “nojento”, e miseravelmente foi lançada para os céus.

 É, com certeza, é nojento, eu sei disso. Asahina Hiyori é incrivelmente bonita e eu não estou exagerando de jeito nenhum. Ela não é apenas mais bonita do que todas as crianças dessa vila, como também é mais bonita do que todas essas atoras mirins e modelos de pôsters e revistas.

É claro que a sua popularidade entre os garotos é incrivelmente alta, existem até rumores no vilarejo do tipo “O único jeito de um menino se tornar um adulto nesse vilarejo é se apaixonar por Asahina Hiyori” e “Apenas jogue uma pedra e você facilmente vai acertar um fã da Hiyori”.

 Além disso, eu mesmo sou um fervoroso fã da Hiyori....Não, não, não, para falar a verdade, eu deveria ser considerado um Hiyori Addict(viciado na Hiyori).  Comparado a esses “fãs loucos da Hiyori”, não importa se for na “taxa de afeto”, “taxa de esperança” ou até mesmo na “taxa de acumulação”(não oficial), eu não perco pra ninguém.

 Um fã profissional da Hiyori se mantém ocupado desde cedo.

 Às 6:00h da manhã, a primeira coisa a fazer depois de acordar é saudar uma das minhas “fofas e macias pelúcias da Hiyori(DIY)” do “conjunto de 48 Hiyoris” com um sorriso reluzente. No café da manhã, eu estarei olhando para o “Horário Hiyori”, enquanto calculo a porcentagem de chance de eu encontrá-la e aonde encontrá-la.

 Antes de ir para a escola, eu mais uma vez escolho cuidadosamente a melhor foto da Hiyori que eu gosto mais, colocando-a cuidadosamente dentro do lugar aonde guardo meu passe do ônibus, então me dirijo para o colégio com um sorriso.

 Depois de sentir o cheiro do “Hormônio Hiyori”(o nome varia, para mim, o melhor seria “fragância”) que está no ar em volta da escola, se eu conseguir ver a Hiyori eu apenas a observarei de longe com um sorriso.

 Nessa hora, se surgir a sorte de se chegar perto dela, é definitivamente proibido falar com ela de qualquer maneira, descuidosamente. Essa é a diferença entre um fã maluco da Hiyori, com um verdadeiro fã da Hiyori.

 Nessa situação, fãs malucos da Hiyori vão relutantemente começar um diálogo, “grudando” nela e a excedendo com informações, tentando chamar sua atenção. Esse tipo de coisa só irá causar um sério efeito negativo.

 Por exemplo, hoje de manhã, tinha esse cara tentando se aproximar dela e eu estava de dentes trincados, apenas testemunhando a cena. E, é claro, como esperado, a Hiyroi usou a sua preciosa faca “NojentoFique longe.” Como um movimento certeiro, dando um verdadeiro K-O naquele cara.
 (N.T: Para quem não sabe, K-O é uma denominação usada no boxe,que significa que um dos participantes atingido foi à nocaute. Ou seja, a Hiyori acabou com o cara.)

 Mais tarde, aquele cara frustrado, eu acho que ele foi levado pelo “Time de Guarda da Hiyiori” para o depósito do centro de esportes, mas o que aconteceu lá, pelo bem da minha saúde mental e física, eu preferi ignorar.

 Logo, um verdadeiro fã da Hiyori não vai fazer esse tipo de desgraça. Apenas a olhará de longe, sendo grato pela sua beleza, e criará forças para ir para o dia seguinte. É um trabalho verdadeiramente de profissionais.

 E também por causa disso, como um profissional, eu não faço ideia de como eu poderia discutir um assunto tosco desses com a Hiyori. Basicamente, é isso. Pensar sobre o que eu gostaria que ela fizesse, esse tipo de desejo é apenas uma extravagante esperança.


 Entretanto.

 Esse desejo maldito no fundo do meu coração não parava de me incomodar.

 Sim, o desejo de conseguir o telefone tinha, na verdade, um objetivo profundamente secreto por trás dele.

 “....Eu quero trocar mensagens com a Hiyori.”

 À medida que os meus pensamentos ficavam mais e mais intensos, eu quase despejei todos os meus desejos para fora da minha boca. Eu fechei meus olhos e cerrei meus punhos firmemente. Acerca desse sonho longe, tão longe de mim, não PE algo que eu simplesmente possa tocar com uma mão fria e fraca, de novo eu senti essa dura realidade.

“Eeeei, o que quer que você queira fazer, você pode, mas você já chegou no seu destino.”

Com essas estranhas e abruptas palavras, em um instante minha mente voltou para a realidade.

 Me atacando desse jeito enquanto eu não estava preparado, mas quem diabos falou isso? Eu levantei minha cabeça e procurei pela fonte do barulho, cmomo esperado, o motorista impaciente estava com a expressão de “Parece que eu achei algo interessante” enquanto olhava para mim.

 Sem pensar, minha vergonha começou a crescer.

 “Waaaah... Eu sinto muito! Eu vou sair agora mesmo!!”

 Eu sei que não podia apagar essa idiotice de agora há pouco, ainda assim, eu me levantei rapidamente do banco e fiquei de pé vergonhosamente. Eu ainda precisava mostrar o meu passe de ônibus para o motorista antes de sair, então, depois de me levantar, eu abri minha mochila devagar para pegá-lo.

 “Hãã....Meu passe....meu passe...Hãã?? Aonde ele tá? Eu me lembro de tê-lo trazido..... Ah, por favor, espere!”

 Apesar de eu ter procurado em cada canto possível da minha mochila, eu ainda não conseguia achar o passe do qual eu lembrava ter colocado lá.

 “Droga....Eu deixei em casa...? Mas como...?”

 Aquela cena idiota e agora isso. Meu cérebro estava à beira de um colapso por causa da vergonha.

 “Hã? Ah, tudo bem, só um dia não tem problema. Eu já vi você nesse ônibus em todos os dias até agora, então eu não suspeito de você.”

 O motorista deu batidinhas na minha cabeça e deu um sorriso.

 Ah, que pessoa legal. Mesmo que eu não me importe de ser acusado de “estar em um ônibus sem evidência” e de ser levado para a polícia, ainda assim, esse tipo de pessoa salvou minha vida.

 “E-está tudo bem mesmo? Desculpa, de verdade. Eu prometo que vou trazê-lo amanhã...”

 “Ah, sem problemas, sem problemas. Ainda assim, garotinho...”

 O motorista parou com as batidinhas e ficou com uma expressão séria. Seus olhos estavam brilhando também.

 “Aaah, o quê? O que foi?”

 Meu coração despencou enquanto eu me sentia desconfortável de novo. Eu sabia, esquecer o meu passe não foi nem um pouco bom..

 “Ah, você disse ‘eu quero fazê-lo’ agora há pouco, não é? Eu me lembro de que quando eu tinha a sua idade, eu queria muito, muito, realmente fazê-lo também...

 “Okobrigadotchau!”

Antes que ele pudesse terminar suas palavras que fariam qualquer pessoa pensar que é um mal entendido impróprio, eu corri tão rápido quanto um coelho.

 Assim que eu cheguei ao chão, eu virei a direita da velha estação de ônibus.

 Eu ainda podia ouvir sua voz, ao longe, “Tome cuidado na volta pra casa...”, mas ele é perigoso demais. Realmente perigoso demais.  Eu não sei bem porque, mas sim, ele é perigoso. Eu realmente queria correr e deixar tudo para trás.

 Eu diminuí meu ritmo, levantei a parte de cima do meu corpo. Bem ao longe da estrada para pedestres, as montanhas tingidas de preto começavam a devorar o sol.
O sol se pôs, estava tarde.

 Apesar das noites serem frescas, o calor remanescente do dia ainda estava no ar. Minha pele podia sentir a brisa do verão que se aproximava.

 “O que eu devo fazer nesse verão? Ano passado, eu fiquei o tempo inteiro ajudando no campo e eu acho que vou acabar fazendo isso dessa vez também, hein...”

  Fazem mais ou menos dez anos que eu estou preso nessa pequena vila. A minha única impressão do verão é feita apenas dessa temperatura quente e por memórias de mim mesmo trabalhando nos campos de arroz cheios de barro.

 “...Viajar....Isso é totalmente impossível. Eu não tenho dinheiro. Entretanto, eu estou certo que...”

 Eu estou certo de que Asahina Hiyori vai viajar para algum lugar e aproveitar um verão perfeito. Estou apenas dando um palpite, mas tenho certeza de que é isso que ela fará.

 Não importa o lugar ou o tópico em que nós estamos, tudo é diferente entre ela e eu, então eu acho que qualquer que seja o cenário que ela vê no dia-a-dia é algo completamente inimaginável para um garoto normal como eu.

 Eu entendo, é por isso que eu crio expectativas e é por isso que eu a amo tanto.

 Sendo atingido pelo pôr do sol, eu pensava sobre isso enquanto olhava para as outras fazendas ao longe, sendo pintadas pelo laranja do sol, vendo a minha pequena casa, que estava a distância de uma pedra sendo tacada do vilarejo, bem no final da terra plana, uma fumaça estreita subindo pela chaminé também estreita.

 Quando foi a última vez que eu saí desse lugar? Eu não conseguia lembrar de jeito nenhum, talvez porque tenha sido há muito tempo atrás.

 E o meu pequeno, mais ou menos dez anos de tempo de vida, será algo sem brilho nem vitalidade, do qual eu não conseguirei me lembrar também.

 Quando será a próxima vez que eu vou conseguir sair daqui?

 Eu de repente comecei a imaginar uma cena futura, aonde eu e Hiyori estamos em um trem, pensando sobre o nosso destino, rindo juntos.

 Algum lugar de meu peito mandou um aviso, “IMPOSSÍVEL”, eu inconscientemente compreendi.

  “É por isso que eu estou dizendo, eu deveria desistir fácil assim....”

  Dei um raso suspiro e acelerei para chegar em casa logo.

 Eu, que costumo blefar, ouvi uma voz provocadora vindo de algum lugar,

 “Está ansioso, cara?”




 “Q-quaaase....”

 Cuidadosamente, como se eu estivesse colocando pedaços da minha alma nisso, eu costurei meus pensamentos, agulha por agulha.

 “Vou te fazer ficar uma gracinha.....”

 São quase dez horas da noite.

 Graças a minha mãe que limpa meu quarto todo dia, ele está limpinho agora.

 Assim que eu cheguei em casa eu imediatamente sentei em frente a minha mesa debaixo da janela, depois de dar alguns pontos eu dei uma boa olhada, e depois de dar mais pontos, foi ficando rapidamente mais bonita e isso durou umas quatro horas até agora.

 É isso mesmo, eu estive trabalhando nesse imenso projeto da “pelúcia Hiyori que fala” por volta de três meses e, agora, eu finalmente estou perto de acabá-lo.

 “ISSO VAI MUDAR TODA A HISTÓRIA DOS FÃS DA ASAHINA...!”

 Era uma cena tão maravilhosa que eu não podia evitar de ficar todo arrepiado.

 Não era apenas fofa, mas tinha uma aparência única. Seu cabelo preso graciosamente preso, eu coloquei um vestido de alças nela. Apesar de eu ter olhado todas as roupas dela, dessa vez eu escolhi as suas favoritas.

 De forma decisiva, eu achei esse gravador quando estava na loja de eletrodomésticos no outro dia, enquanto procurava por um telefone.

 Nele, eu gravei todas as palavras que ela disse quando passou por mim em todas essas semanas. E seu colocá-lo dentro dela, você terá um efeito de forma que você praticamente falará com Asahina Hiyori.

 Quando eu comecei a fazê-la, eu tinha o objetivo de “eu farei o meu melhor para deixá-la linda e a levarei para a cidade!”  Eu aposto que essa boneca vai tornar os conhecimentos dos fãns da Asahina em história.

 E agora falta apenas um ponto para esse projeto ficar completo...só mais um ponto.

 Parando temporariamente meu trabalho, eu fechei meus olhos.

 Lembrando-me daqueles três meses, essa pode ter sido a maior viagem de toda a minha vida.

Não, não, é claro que é só uma desilusão criada pelo meu cérebro, mas essa intenção forte, imaginando eu e Hiyori viajando por todo tipo de lugar desse estado, talvez até todo o Japão por cerca de umas três semanas.

 “Aaah, sim....”

 Me afundando nos pensamentos só por um tempo, agora era a hora; agora, o último ponto, eu estava focado de novo.

 “Agora....FINALMENTE....!”


 “HIBIYAAAAAA, TELEFONE PRA VOCÊ! VEM AQUI ATENDER!!”

 Eu fui pego de surpresa pelo berro da minha mãe e acabei fazendo a minha mão tremer. A agulha friamente espetou o corpo da “pelúcia falante
 da Hiyori”.


 “GGGYYYAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!”

Olhando para essa cena, eu gritei. Meus pensamentos se intensificaram, nervos se tencionaram, na minha mente tudo o que eu conseguia imaginar era Asahina Hiyori sendo atravessada por algo grande como uma viga.

“EU.....EU REALMENTE FIZ ALGO DO TIPO.........COMETI ESSE TIPO DE ERRO....!”

Minhas mãos tremeram e cobriram meu rosto.

 Na minha cabeça, meus gritos se tornaram vazios, o que Asahina Hiyori disse antes de morrer, tenho de ser honesto que eu não tinha nenhuma memória de ter falado com ela antes, então eu não conseguia pensar em nenhuma frase que ela poderia dizer, eu só conseguia sentir a atmosfera do momento.

 “HIBIYA, EU MANDEI VOCÊ DESCER!!”

Com o grito cruel de minha mãe, eu finalmente me recuperei, decidindo parar o meu projeto e depois descer as escadas.

 “Aaaah.....OK, OK, EU ENTENDI! ESTOU DESCENDO!!!”

 Cuidadosamente coloquei minha “pelúcia falante da Hiyori” na mesa, usei minha cadeira de rodinhas para ir até a porta e pulei dela na hora de sair do quarto.

 Abri a porta, desci pelas escadas barulhentas, chegando até o telefone que ficava localizado no corredor do primeiro andar, a parte dele usada para se falar violentamente tacada sobre a mesa.

 “Mas o que diabos alguém quer em um momento como esse? E QUEM DIABOS É? Por quê minha mãe não deixou claro quem é?”

 Apesar de eu estar curioso, eu peguei o telefone e falei. Qualquer um que ligue a essa hora, deve ser alguém que eu não consiga lidar facilmente. Eu acho que eu devo ser um pouco rude com esse tipo de pessoa.

 “Ah, olá.  Aqui é o Hibiya, quem...”

 “Devagar demais.”

 Eu estava prestes a responder de forma rude, mas a minha rudeza para com essa pessoa totalmente inesperada se tornou indecisa.

 Ao mesmo tempo, a “voz” dessa pessoa apenas falou essa frase realmente pequena, mas que meu deu um impacto até o ponto que não importava o tipo de atitude dessa pessoa.

 “Hã, o que....”

 “Eu disse que você é lento demais. Eu estou de pé enquanto falo com você, então eu estou absurdamente cansada.”

 Isso, essa atitude, essa voz, eu não estou enganado. Eu tenho certeza.

 “Você tá ouvindo? Alôô...Tem alguém aí.... ?”

 “AAAH!? Asahina-san?? S-SIM, EU ESTOU OUVINDO!! ESTOU OUVINDO COM CERTEZA!!!”

 Encarando esse tipo de situação, o meu cérebro parou de funcionar.

 “P-Por quê você está tão animado, seu repulsivo....Ah, tanto faz. Eu tenho algo que preciso discutir com você.”

 “Di-discutir?”

 “É,  discutir. Ou para ser mais precisa, um acordo? Ah, dane-se.”

 Ninguém esperaria uma evolução dessas. Esse era eu no ônibus. EU, que estava pensando “Eu quero fazê-lo...”

 É DE VERDADE!!!

 Mas então, por quê discutir algo no meio da noite?

 “Se você quiser vir aqui, sem problemas, eu com certeza de darei boas-vindas...Ah, nada, sem problemas, mas o que você quer discutir?”

  “Você deixou o seu passe de ônibus cair, certo? Eu o achei no corredor da escola hoje, tinha o seu nome nele.”

 Esse é um motivo perfeitamente compreensível. Eu estava pensando na “pelúcia falante da Hiyiori” e acabei esquecendo totalmente do meu passe, e agora, inesperavelmente, foi achado desse jeito.

 Ah, não, espera, isso deveria ser culpa do motorista.

 Eu realmente queria apagar da minha mente tudo sobre aquele motorista, então eu meio que deixei de lado tudo o que aconteceu naquele ônibus. Até mesmo sobre o passe.

 Mas agora, eu achei a conexão.

 E por causa disso, ela de boa vontade me ligou porque achou o meu passe. Que pessoa gentil. Eu sabia, Asahina Hiyori é um ANJO....

 ....Não, espera um minuto.

 Eu sinto que estou esquecendo de algo. Algo extremamente....


 --- Antes de ir para a escola, eu mais uma vez escolho cuidadosamente a melhor foto da Hiyori que eu gosto mais, colocando-a cuidadosamente dentro do lugar aonde guardo meu passe do ônibus..---

 “....Ei, você tá me ouvindo? Você tá gaguejando de um jeito estranho que tá realmente me dando nos nervos. Ah, e, dentro do passe...”

 “NÃO, ELE NÃO É MEU.”

 “Hã?”

 Eu cheguei a um estado em que o meu suor congelou e agora era colocado para fora como longas ondas.

 Meu cérebro não parava de dizer
 “estouferradoestouferradoestouferradoestouferradoestouferradoestouferradoéissoaíestouferrado” Até que o festival de “estouferrado” começasse grandiosamente e, em um poste no centro do festival, Amamiya Hibiya, preso a ele, seu pescoço sendo colocado na guilhotina.

 Eu estou ferrado.

 DEFINITIVAMENTE FERRADO.

 E que coincidência, a foto que eu coloquei junto do meu passe hoje era uma em que a saia dela era levemente levantada pelo vento da primavera, uma um tanto indecente, REALMENTE DESAGRADÁVEL FOTO.

 Eu ainda podia viver com aquela foto no meu passe, mas agora ela descobriu. Está tudo acabado. Completamente acabado.

 Que “pelúcia falante da Hiyiori” que nada, seu idiota. Isso com certeza era uma derrota.

 Se eu não fizer algo...O que eu devo fazer....

“Como assim não é seu? Tem o seu nome aqui, cara. Fala sério, você não percebeu que estava sem ele.....Como você conseguiu sair do ônibus?”

 “T-talvez seja de alguém que tenha o mesmo nome que eu....OLHA! Você pode simplesmente achar alguém que se chame Amamiya Hibiya, ceeerto?”

 “Eu não acho que exista alguém que tenha um nome tão estranho quanto o seu. Voltando ao assunto. Essa coisa dentro do passe...”

 Tarde demais. Aí vem o clímax do Faestival “euestouferrado”

 No poste, homens fortes se aproximavam com seus rostos cobertos, usando tangas, levavam grandes facas, indo em direção a corda da guilhotina, a corda esticada fazendo sons como “gachigachigachi”.
 (N.T: Não me perguntem, caras, onomatopeias japonesas.)

E lá estava Amamiya Hibiya com um rosto feliz, como se já soubesse de todos os seus erros.

 Não tem mais jeito. Eu não posso mais esconder, não importa o que eu diga. Ao menos eu vou deixar isso claro.

 “Ah, AAAH, é verdade!!! Eu sei que é impossível, mas pelo menos eu posso sonhar sobre isso, não posso?”

 Eu queria ter dito honestamente os meus sentimentos, mas eu não sei como acabei dizendo de uma forma tão estranha.

 Eu sei que eu sou culpado, mas pelo menos eu tenho que tentar me defender um pouco, certo?

 “Hãã, por quê você está tão agitado? Realmente nojento.”

 E, como sempre, meus pensamentos foram simplesmente transformados em cinzas.

 Minha última lágrima da minha vida de fã da Asahina escorreu pela minha bochecha.

 Eu fechei meus olhos, pensando naqueles caras fracos como eu, flutuando no ar pelados, me dando boas-vindas.
 (N.T: Tá, cara, isso foi realmente estranho, mas pelo visto o Hibiya tem alguns parafusos a menos, então tudo bem)


 Me desculpem por eu ter julgado vocês como idiotas mais cedo. Levem-me com vocês, por favor.

 E se eu puder, por favor, deixem-me levar as minhas pelúcias e fotos também.

 E enquanto eu pensava nessas desilusões humilhantes, embelezando a minha aparência de morte, Asahina Hiyori disse algo totalmente inesperado.

 “Que impossível, o que, por quê você está tão decidido? Eu até mesmo te liguei no propósito de te ajudar conseguir o que você quer, cara.”

 “Hã..?”



Postado por Unknown às 05:44 //

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